18.2.08

Criminologia cultural repensa as gangues

Enfoque de assunto que fica lá... dibaxodutapete. Importante a leitura, pela subversão.

As reportagens que indicamos ainda abrem para links que aprofundam informações. Olha lá.
Série do site Comunidade Segura questiona ligação entre gangues e crime, temática da crimologia cultural. David Brotherton fala sobre a evolução das gangues e organizações
de rua, que chama de "pós-industriais, baseadas na informação, transnacionais e globais."

"O foco no crime é completamente anti-humanista e facilmente torna atores sociais/humanos patológicos, fazendo com que sejam desviantes por definição. Tudo isso ajuda um Estado que tira todo o suporte social dos pobres, legitima afogamento como método de tortura, deporta 100 mil residentes todos os anos. Em outras palavras, temos uma sociedade equipada para produzir e controlar o homem em vez de explorar o potencial humano daqueles que podem fazer história".

Grafite, notícias ou crime?
O sociólogo Luis Barrios, co-autor do livro "Gangues e sociedade",
acha que os crimes cometidos pelas gangues nos Estados Unidos são desproporcionalmente expostos na mídia. "Este tipo de crime ganha espaço na mídia mas não é nada comparado, por exemplo, à violência doméstica em termos de estatísticas. O que vemos é um tipo de organização social sendo visivelmente criminalizada." O sociólogo afirma que, para entender as dimensões do crime é importante olhar para os dados de forma crítica. "Os jovens nos Estados Unidos são aproximadamente 25% da população geral e cerca de 35% da população pobre. Ao invés de criminalizar a pobreza, porque não tentar entender as estratégias de resistência?", questiona.


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Será por isso que a rapaziada lá da França anda se armando de câmeras, registrando os fatos, na maioria das vezes, em oposição à interpretação da polícia e da mídia. Outro texto bacana para leitura. Clique aqui para ler.

"Exasperados com os estereótipos sobre a periferia mostrados na televisão, jovens das chamadas "cités" tomam o poder midiático. Com humor ou sátira, ternura ou raiva, eles descrevem em vídeo seu cotidiano. Curtas-metragens, reportagens, documentários com cheiro de concreto, que podem ser encontrados".

O que dizem dos colegas:

"O jornalista é alguém que vai contar idiotices sobre os jovens, que os trai. Como o policial".


"Sabemos que hoje a imagem é o poder. A grande mídia. Daí a idéia de nos apoderarmos dela, de tomar o controle. É um ato político. Uma espécie de golpe!"

"Os jornalistas trabalham com pressa, não têm tempo de conversar com as pessoas, de pesquisar, não conhecem nada da periferia, só vão lá quando há confusão, servem a interesses comerciais e políticos, só se interessam pelo espetacular que pode confirmar seus preconceitos, os eternos estereótipos sobre a periferia e seus habitantes -um mundo à parte de violência, de delinqüência, de sofrimento, povoado por estupradores, traficantes, ladrões e radicais encapuzados... A ponto de usar atalhos e truques técnicos para obter a imagem e o objetivo esperados".

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