15.10.07

“Víctimas de quien los debe cuidar”

"A grande questão da morte dos jovens brasileiros é de saúde pública. Uma parcela assustadora deles está morrendo por homicídio".

Marisa Fefferman, psicóloga e pesquisadora do Instituto de Saúde do Estado de São Paulo.
(fotos: documetário Falcão - meninos do tráfico)


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Na semana passada, recebi um relato
angustiado de uma delagada da Polícia Civil, de maneira informal, no qual ela buscava representar o grau de insanidade despejado sobre a juventude pobre brasileira e a banalização dessa criminalização. Dizia ela que, há poucos dias, uma menina de 12 anos havia sido "capturada" pela Polícia, numa vila de Porto Alegre, portando uma arma 9mm. Fazia segurança para uma turma de traficantes. "A chegada dela na delegacia nos assustou. Percebemos que estávamos entrando numa situação inédita. Era uma menina!, coisa rara, e ela estava totalmente envolvida psicologicamente na estrutura criminosa. Era uma representação da nossa perda de controle sobre uma situação que imaginávamos conhecer".

É muito difícil encontrar informações conviáveis e esclarecedoras sobre essa situação. O comportamento da imprensa é de despejar moralismos contra as crianças "criminosas", encontrar culpados, para só, no fundo, criminalizar ainda mais a pobreza. Os jornalões preferem sempre confortar o comportamento reacionário e estúpido que seus leitores médios já possuem, sem ao menos imaginar que isso pode, e deve, ser mudado, levando em conta a gravidade de um problema tão sério.

E fazem isso:

A ESPETACULARIZAÇÃO DA PIOR MISÉRIA!
ISSO É UMA TREMENDA IRRESPONSABILIDADE!

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Mas ainda existe jornalismo sério. Reportagem do Página 12 de hoje (15), não encontrada em nenhum jornalão brasileiro, dimensiona bem esse sintoma trágico da sociedade quando dá destaque sobre o estudo “Violencia institucional: niños y niñas víctimas de quien los debe cuidar”, elaborado pela Capítulo Infancia de Periodismo Social, sustentando que las prácticas de “control social” de los agentes policiales del Estado se basan en “ciertas representaciones sociales sobre los adolescentes” que vinculan “pobreza con violencia y delito”, hasta transformar “al adolescente pobre en ‘peligroso’”. Esto lleva a que la mayoría de los jóvenes identifiquen a la policía “como un peligro, no como una instancia a la que puedan recurrir en busca de protección”.

Y podemos ler na reportagem os seguintes trechos :

Sandra Carvalho, directora del Centro para la Justicia Global de Brasil, resume de este modo la situación en el país (Brasil) más poblado de la región (América Latina): “Las víctimas de la violencia institucional son los jóvenes negros que viven en comunidades pobres. Este tipo de violencia está presente en su versión represiva a través de las fuerzas policiales, aunque también se manifiesta por la ausencia de políticas públicas, que implican atención sanitaria, escuelas y servicios esenciales”.

Es interesante el análisis que hizo, a nivel de continente, la organización Plan Internacional, también citada en el presente informe sobre violencia institucional. “Las ciudades latinoamericanas, las más grandes especialmente, son ricas en expresiones juveniles, que funcionan como movimientos sociales. En algunos contextos se las ha denominado culturas juveniles. El uso de prendas de vestir y adornos corporales característicos, su carácter más o menos organizado, un lenguaje peculiar y valores explícitos no son raros en estos grupos. No se trata de agrupaciones delictivas o violentas pero es frecuente que estén señaladas con el estigma de tales, por la preocupación que producen en el mundo adulto sus rarezas y formas de resistencia cultural e incluso transgresiones no violentas”, destaca Plan Internacional.La entidad sostiene que “el acoso policial contra estas personas y las limpiezas sociales son expresiones de esta clase de estereotipos que contribuyen a agravar el ciclo de la violencia, al producir antagonismo y desconfianza entre jóvenes y autoridades. (clique aqui e leia na íntegra)

Un análisis comparativo sin antecedentes, publicado por la Red ANDI América Latina sobre el estudio –en 2005– de más de 240 mil textos leídos en 121 diarios de diez países de la región, reveló que en ese período se publicó “poco menos de un millar de textos (954) enfocados en ella (la violencia institucional) como tema principal, lo que equivalía al 4% de todo lo publicado sobre violencia en general”. Al mismo tiempo, las noticias presentaban “uno de los peores desempeños en el aspecto de la calidad”, con apenas “un 5 por ciento de ellas incluyendo un enfoque de búsqueda de soluciones que ofrezca al lector caminos posibles para terminar con esta vulneración de derechos”. Además, incluían “un uso frecuente de términos peyorativos que tienden a culpabilizar a los chicos y reforzar prejuicios sobre ellos” (leia aqui a retranca da reportagem sobre a cobertura da mídia).

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Outra reportagem, também de hoje, publicada no sítio Comunidade Segura, trata da divulgação, pelo Conselho Tutelar de Cuiabá, em Mato Grosso, de um relatório alarmante sobre as condições dos 153 meninos e meninas atendidos pelos órgãos da cidade: o primeiro semestre de 2007 bateu um recorde negativo em relação à proteção dos direitos da criança e do adolescente. Segundo os dados levados a público pela imprensa local, houve um aumento de 488% no número de crianças aliciadas pelo tráfico de drogas em relação ao primeiro semestre de 2006.

Trechos selecionados:

Segundo os dados, crianças de sete anos começam a ter participação no tráfico de drogas local. “Há cinco anos, encontrávamos este problema em adolescentes na faixa dos 12 anos de idade, mas os aliciados ficam cada vez mais jovens”, lamenta Edinaldo Gomes de Souza, coordenador-geral dos conselhos tutelares de Cuiabá.

O relatório mostra que 85% dos entrevistados envolvidos com o tráfico de drogas possuem pais ausentes. Além disso, todos eles afirmaram pertencer a uma família em conflito e ter poucas opções de lazer. Segundo o coordenador-geral do Conselho Tutelar, Edinaldo de Souza, os adolescentes são aliciados principalmente no período “ocioso”, em que estão fora da escola e sem a supervisão dos pais.

“A escola não tem função social, seu trabalho é tirar um monte de crianças das ruas e colocar em salas superlotadas durante quatro horas por dia. Neste cenário de desorganização o traficante aproveita para se infiltrar”, explica. Segundo ele, o investimento é feito a longo prazo. “Primeiro tornam as crianças dependentes, depois as incluem no apoio às vendas”, conta.

Nos primeiros anos de envolvimento com o tráfico, as crianças têm pouco acesso direto a armas de fogo e exercem primordialmente atividades de transporte e distribuição de drogas e das próprias armas, que, segundo o coordenador-geral do Conselho Tutelar, chegam às mãos dos jovens através de assaltos a entidades armadas e depósitos mal-fiscalizados de armas de fogo.

“Essas crianças de sete a 12 anos não são tão organizadas quanto os traficantes mais velhos, na verdade são mais dependentes químicos que vendedores, mas já executam atividades de apoio ao tráfico”, diz Souza. (clique aqui e leia na íntegra)

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Também indicamos a leitura da reportagem especial de Carta Capital intitulada
Um tiro no futuro, da qual retiramos o citação inicial dessa postagem, publicada na edicão de 20.12.2006 da revista semanal. (clique aqui e leia na íntegra)

Y o que você faz com aquele rasteiro jornalismo da Zero Hora mostrado nas fotos lá de cima? Cancele sua assinatura. É o mínimo.

(As imagens dessa postagem foram retiradas do blog Ponto de Vista, exceto a do menino agachado no chão, de Página 12).

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