28.11.07

Polícia trata da pauta de desemprego no lugar do Governo do RS

É assim que o Governo do Rio Grande do Sul se relaciona com os movimentos sociais.
Recentemente, as marchas do MST também foram tratadas como um caso de polícia, e não de política pública, reforma agrária. Em Porto Alegre, os vendedores ambulantes são alvo de ação da Brigada, e não convidados para discutir propostas que construam alternativas ao trabalho informal.

Com o escudo da grande mídia local, elitista, subserviente, mentirosa e covarde, esse governo trata pobres e trabalhadores como criminosos:

AGORA À TARDE:
Todos os 800 integrantes do MTD que ocuparam a Coorlac nesta manhã (28/11) estão sendo separados e serão levados para três delegacias, a fim de serem fichados. A Brigada Militar dividiu as famílias em grupos de mulheres e crianças, homens e
lideranças.

A Brigada Militar também intermediou uma audiência dos trabalhadores com o chefe da Casa Civil, Luiz Fernando Záchia, na tarde de hoje. "Além de não investir no social, o governo de Yeda Crusius ainda nem recebe os trabalhadores. Chega ao ponto da Brigada Militar ter que intermediar os conflitos. É a defasagem do Estado", diz o coordenador Mauro.

PELA MANHÃ:
Cerca de 800 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD) ocuparam o prédio da Coorlac em Porto Alegre. Esta ocupação é para denunciar à sociedade gaúcha que imóveis do governo estadual não cumprem sua função social e reivindicar audiência imediata com a governadora Yeda para negociação sobre as propostas do MTD para combater o desemprego.

Enquanto isso os grupos de produção da organização seguem sem espaço e sem equipamentos para poder trabalhar. Também queremos dialogar com a sociedade sobre a problemática do desemprego estrutural e a situação das famílias desempregadas que moram na periferia dos centros urbanos.

Os trabalhadores reivindicam que o Estado passe aos trabalhadores esses espaços públicos para que as famílias possam trabalhar, gerando renda às famílias desempregadas. Márcia, da coordenação do MTD, afirma que grande parte dos imóveis que pertencem ao governo estadual estão abandonados, ao invés de estarem sob controle e utilização dos trabalhadores gaúchos.

"Queremos que a governadora, que é mulher, venha falar de igual com as mulheres do MTD, que sustentam seus filhos na periferia. O MTD hoje é formado, em mais de 90%, por mulheres de periferia. Não estamos desempregadas porque queremos, precisamos e queremos que o Estado nos atenda da mesma forma que atende as grandes empresários", diz a coordenadora.

Nessa audiência, o MTD busca sensibilizar a governadora para que libere recursos para execução do Programa Frentes Emergenciais de Trabalho ainda em 2007, considerando que no Orçamento deste ano há R$ 2,5 milhões destinados às frentes. Porém, até o momento, nenhuma frente foi liberada.

As frentes de trabalho são uma conquista do MTD que vêm dando certo.
Pelas frentes, os trabalhadores recebem qualificação técnica e uma ajuda de custo para se sustentar e comprar a matéria-prima para a confecção de produtos (pão, cucas, roupas e artesanato). No entanto, falta espaço físico para que os desempregados, organizados em grupo, possam trabalhar, e também equipamentos.

Existem vários exemplos que comprovam a eficácia dessa política pública.
Em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, as frentes de trabalho já foram adotadas pela prefeitura municipal. "As frentes de trabalho que temos cumprem com o seu papel. No entanto, faltam espaço físico e equipamentos. Queremos trabalhar, mas precisamos de condições", diz Márcia.

“O Governo evita se reunir com os desempregados, forçando-nos a fazer 16 ocupações e protestos por todo estado de abril a agosto apenas para conseguir uma única reunião com o Secretário do Desenvolvimento Social Fernando Schuler. Ele prometeu um projeto para 2008 e 2009, mas nossa fome tem pressa. Ele diz que o estado não tem dinheiro. Mas a própria Secretaria da Fazenda divulgou que o governo gastou R$173 milhões em 2007 criando mais vagas em prisões, valor que o MTD reivindica para se liberar Frentes de Trabalho em 2007 para 2 mil e 500 famílias já organizadas.

Se investisse 2% dos gastos com mais vagas na cadeia em Frentes de Trabalho, muitos problemas seriam evitados. O governo e seus agentes, especialmente o secretário Schuler, o diretor da Fundação Gaúcha do Trabalho, vereador Nedi Marques, e a governadora Yeda, têm que dizer abertamente se preferem pobre na cadeia ou trabalhando. E isso, se mostra com recursos.

Exigimos 2% do recurso das prisões em 2007 para combater o desemprego”, argumenta Márcia. O MTD ainda reivindica que o governo garanta recursos para em 2008 investir nos projetos de combate ao desemprego apresentados pelos desempregados organizados.

Informações do Setor de Comunicação do MST no RS.
A foto é de Henrique Ricardo Rudiger, que colaborou como jornalismo participativo no portal Terra.

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