2.11.07

Da justiça para a terra

É impossível melhorar a situação social do Brasil sem fazer a Reforma Agrária. É impossível comer bem no Brasil dependendo do alimento envenenado do latifúndio. Distribuir a terra e fazê-la cumprir com sua função social é obrigação do país, está na lei, na Constituição.

Só aos grandes exploradores do campo e seus funcionários na direção dos veículos grandes de imprensa não interessa à Reforma Agrária. A todos os outros ela é necessária, fundamental, urgente.

Com informações do Setor de Comunicação do MST no RS:

Marcha do MST comemora 22 anos da ocupação da Annoni

Teatros, shows e um ato público marcam, neste final de semana, as comemorações dos 22 anos da ocupação que deu origem aos assentamentos na Fazenda Annoni, nos municípios de Pontão e Sarandi, no Norte do Rio Grande do Sul. As atividades em torno do aniversário acontecem no sábado (03/11), no Camping Zambiasi, no Assentamento 16 de Março, em Pontão. São organizadas pelas famílias assentadas na Annoni e pelos 1.700 integrantes que realizam a marcha do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Estado.

A Fazenda Annoni e a Fazenda Coqueiros, no município vizinho de Coqueiros do Sul, possuem a mesma área e o sucesso dos assentamentos realizados na década de 80 comprova o potencial social e econômico da Reforma Agrária. Antes de ser desapropriada, a Fazenda Anoni era improdutiva e foi onde se desenvolveu o capim-annoni, hoje considerado uma praga nos campos de pastoreio gaúchos. Atualmente, os assentamentos na área produzem anualmente cerca de 20 mil sacas de trigo, 6 milhões de litros de leite, 150.000 sacas de soja, 35.000 sacas de milho, 45 toneladas de frutas, 800 cabeças de gado, 5.000 cabeças de suínos e 10.000 quilos de hortaliças.
As lutas pela desapropriação da Fazenda Annoni e a criação dos cinco assentamentos, em que vivem atualmente 420 famílias, é considerado o marco da atuação do MST no estado e, mais tarde, em todo o Brasil.

PROGRAMAÇÃO DA FESTA
No sábado (03/11), a comemoração começa com shows musicais, às 18h. Depois, às 20h, acontece ato público com a presença de apoiadores, de famílias assentadas na Fazenda Annoni e de lideranças antigas do MST, que contribuíram na criação e na formação do movimento no Estado. Às 20:30h, acontece a apresentação da peça teatral "A História de Sepé e do Povo Guarani", que envolve cerca de 200 assentados, estudantes e integrantes Sem Terra.
A direção do espetáculo é de Tadeu Mello, que também dirigiu outros espetáculos e minisséries de TV, como “Casa das Sete Mulheres”. Toda a programação será apresentada no Camping Zambiazi, localizado no Assentamento 16 de Março, na Área 1 da Fazenda Annoni, em Pontão. A juventude também participa das atividades com um encontro, que acontece entre os dias 2 e 3 de novembro no ginásio do assentamento 16 de Março. Além dos Sem Terra, participam das comemorações sindicatos e entidades apoiadoras, pastorais sociais, associações comunitárias, parlamentares, prefeitos e a comunidade local.

A agricultora do MST, Irene Manfio, que participou das ocupações da Annoni e vive no assentamento, considera a luta pela área um símbolo da resistência. "A Annoni foi o marco, aqui na região, da luta pela terra. Para as famílias, foi a conquista de suas moradas e suas vidas", diz.

OPÇÕES DIFERENTES
No Estado, as ocupações de terra organizadas por famílias Sem Terra iniciaram em 1979, com a tomada das fazendas Brilhante e Macali, em Ronda Alta, no Norte gaúcho. Na época, centenas de agricultores tiveram que sair de suas terras que foram consideradas áreas indígenas no município de Nonoai. Sem receber indenização dos governos (era a época da Ditadura Militar) e sem ter onde ir, os agricultores acamparam na beira de estrada, chegando a reunir mais de 600 famílias.

No entanto, a primeira e maior ocupação de terra realizada pelas famílias já organizadas no MST (a organização foi criada em 1984, durante um encontro realizado na cidade gaúcha de Erval Seco) foi em 29 de outubro de 1985, na Fazenda Annoni.
Cerca de 1.500 famílias Sem Terra ocuparam a área improdutiva, de pouco mais de 9.200 hectares, para forçar o governo militar a criar o assentado na fazenda, que já tinha o decreto de desapropriação desde o início dos anos 70.

No entanto, a desapropriação da Annoni, com a legalização dos lotes das famílias, só iniciou em 1990. A produção movimenta o comércio local e leva alimento sadio para a mesa dos trabalhadores da região. O assentamento também tem quatro escolas para as crianças e os jovens assentados. Já a Fazenda Coqueiros, que é reivindicada para reforma agrária, gera apenas 20 empregos diretos e ocupa 30% do território do município de Coqueiros do Sul. Em impostos, a fazenda contribui para a cidade com a mesma arrecadação que 4 aviários de pequenos agricultores. Além de dirigir toda sua produção para a exportação. "Por isso é que queremos a desapropriação da Fazenda Coqueiros. Para assentar as famílias e fazê-la desenvolver como aconteceu com a Fazenda Annoni", afirma Mauro Cibulski, coordenador do MST e da coluna da marcha que saiu da região metropolitana.

Assista um dos quatro filmes da série Acampados, realizada pela Catarse e conheça quem são os sem-terra:

1 Comentários:

Blogger Têmis Nicolaidis disse...

Repercuti lá na Graturck (www.graturck.com.br)

Abraço!

7.11.07

 

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