Fazenda usada em lavagem de dinheiro se torna assentamento
Depois de quase três anos de luta, a antiga fazenda Cabanha Dragão, que estava envolvida em lavagem de dinheiro do tráfico de drogas e de armas, vai se tornar um assentamento. Neste sábado (15) acontece, em Eldorado do Sul, a festa de posse da fazenda pelas famílias Sem Terra. A comemoração está marcada para iniciar às 10 h na sede da fazenda, que fica na BR-290, próxima ao Aeroclube de Guaíba.
Às 11h, ocorre a mística e um ato político, em que as famílias beneficiadas, lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e autoridades falam da importância reforma agrária e da desapropriação de uma área ilegal para beneficiar a população. As festividades encerram com um almoço ao meio-dia.
A fazenda Cabanha Dragão, área de 760 hectares , irá abrigar cerca de 75 famílias Sem Terra do Rio Grande do Sul. A posse da área é uma vitória para as famílias, que finalmente terão um local para viver e plantar. A população também é beneficiada, pois o esquema de lavagem de dinheiro foi desmontado e a área que era utilizada para fins ilícitos terá uma função social, que é a de produzir alimentos sadios para os gaúchos.
HISTÓRICO
O MST ocupou a fazenda Cabanha Dragão pela primeira vez em Junho de 2005, quando denunciou a utilização da área para lavagem de dinheiro do tráfico de drogas e armas. A legislação brasileira garante que terras e propriedades envolvidas em situações ilícitas, como o tráfico, podem ser desapropriadas para a reforma agrária. Baseado na lei, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) desapropriou a Fazenda Dragão por interesse social no início de 2006.
No entanto, em Agosto daquele ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu o processo de desapropriação, baseado na lei que impede vistorias em áreas ocupadas pelos Sem Terra, dentro do prazo de dois anos. O Incra pediu reconsideração da decisão e, desde então, a situação se arrastou na Justiça até hoje.
A Cabanha Dragão foi seqüestrada pela Justiça pelos indícios de ligação com uma organização criminosa. O proprietário da área, um jordaniano, chegou a ser preso em 2004 por tráfico de armas.
Informações de Raquel Casiraghi
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