11.6.08

Cel. Mendes é o guardião de um governo em queda

Postagem atualizada às 11h, de 12/06. Inclusão de vídeo-registro sobre a violência policial

— A Brigada sempre vai agir para evitar que esse tipo de protesto acabe em invasões de locais ou vias públicas. Sempre que for necessário, vamos usar a força — disse hoje e diz sempre Mendes, nosso comandante, amigo de jornalistas de prestígio aqui no Sul, como o senhor Lauro Quadros (filha da mãe!).

É preciso investigar a participação da imprensa em serviços às máfias que solaparam a Secretaria de Segurança Pública, infurnados como ratos em seu departamento DETRAN. Roubalheira de R$44 milhões. Aqui no Rio Grande do Sul não existe jornalismo público, ninguém da gorda vai cobrir isso. Já há indicação clara - pg. 56 do relatório do MP. Mas não diz quais são as empresas de comunicação que ajudaram o "novo jeito de governar" a esconder um "novo jeito de roubar". Como não sabe(?) quais são as empresas se as investigações concluíram que existe uma movimentação intensa das quadrilhas do DETRAN com líderes de opinião?

Um dia de lascar pro povo
11 (ou 12 - a imprensa está noticiando duas versões) manifestantes da Via Campesina estão autuados por formação de quadrilha pela BM e Polícia Civil e encaminhados para o Presídio Central, caso não haja reversão da prisão. Eles são as vítimas da Brigada Militar, que hoje espancou, atirou e deteve diversas pessoas na caminhada de manifestantes em imediações do Centro de Porto Alegre.
A autuação de flagrante lavrada. O advogado das vítimas, dito pela Band, Valter Nagelstein, pedirá relaxamento de prisão para que os agricultores respondam em liberdade. Não houve a apresentação de nenhuma prova concreta contra os possíveis crimes cometidos. São sem-tera, vagabundo, sem-vergonha, isso hoje o Cel. Mendes colocou em prática. Uma idéia para preparar meses de crise política nas costas de movimentos populares honestos e conscientes da idéia de cidadania. Pode ser que não durmam no Central. Ainda estamos no aguardo da confirmação nas rádios.



Vídeo-registro do Coletivo Martin Fierro, sempre presente na luta. Equipe de primeira catiguria. Fica claro ali a mentira da imprensa de que os manifestantes teriam derrubado a cerca do supermercado Nacional para protestar. Na verdade, a BM cercou a manifestação, conseguiu dividi-la em 2 grupos e depois encurralou um desses grupos contra a cerca, que foi derrubada para fugir das porradas. Essa é a única informação que surgiu, por parte do governo, para categorizar a manifestação como "baderna com depredação". Eles estão mentindo à população.

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Mas o que queria o pessoal de meu maior respeito, meus companheiros:

- Iríamos fazer uma celebração mística durante meia hora contra o preço abusivo dos alimentos. Pretendíamos cantar músicas e erguer símbolos como sementes, flores, bolas e brinquedos. Depois de meia hora, seguiríamos a marcha -declarou Magali De Rossi, membro da coordenação estadual da Via Campesina.

A governadora Yeda Crusius me dá coletiva de imprensa (18h10) e deu seus "parabéns" à BM pela operação policial violenta de hoje, que ela chamou de "baderna com depredação" e em nenhum momento foi questionada pelos repórteres de que seria, sim, uma manifestação contra a corrupção em seu governo. Yeda deu seu apoio ao Cel. Mendes e falou que não serão permitidos atos de pressão contra a ordem pública (vai saber o que isso significa para ela nesse momento político).

A arbitrariedade reina na segurança pública com a entrada de Mendes no Comando.
Estamos diante de uma situação de calaminade política. A situação de segurança pública só tende a ser cada vez mais violenta nos próximos acontecimentos de organização popular. Nos próximos dias, novas manifestações estão previstas.
Cel. Mendes considerou os manifestantes da Via Campesina "um bando de baderneiros desocupados". Defendeu a utilização de balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio, além da prisão por flagrante dos agricultores detidos. Um dos manifestantes, segundo a Ag. Chasque, está com ferimentos graves.

Em nenhuma das entrevistas concedidas por Yeda e Mendes, os responsáveis pela violência na população, houve algum questionamento pela imprensa gorda de que em decorrência das generalizadas provas de corrupção em seu governo a população está procurando se manifestar na rua. Nada mais natural. Nesse momento seria preciso garantir a liberdade de expressão e organização popular. Isso é humano. Direito humano. Chamem os Direitos Humanos!
Já há informações de que setores internos da BM não estão dispostos a apoior as operações violentas do Cel. Mendes (notícia dada na tarde de hoje na Rádio Gaúcha, no programa do Túlio Bilbam, ou sei lá como se escreve o sobrenome da Peça).

E na noite nossa governadora em crise falou aos gaúchos. Veja aqui. Quer dizer, não sobre a crise política, porque disso ela não tocou. Nem menos violência. Ela diz que está numa de paz e transição. Yeda está numa alucinação de que não tem espaço para divulgar o que é bom para o Rio Grande, diz isso ao ser pressionada e não responde a pergunta. É uma situação complicada de invasão dos particularismos de uns personagens políticos bizarros e fanfarrões. Corruptos. O Rei da Vela, aqui é Rainha. Eu vou te contar uma coisa.

"Y assim, fascismo ou comunismo, digo eu, tomo o lado do amor, e rio
das idéias dos homens"
frase de Anaïs Nin - citada no livro Quem pagou a conta? A CIA na guerra fria da Cultura

ou "Inocência não existe. A inocência com um toque de culpa é o melhor que se pode arranjar"
frase de Mike Hammer, em A morte num beijo, de Mickey Spillane

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A cobertura em linguagem simbolista da Zero Hora, lá nas nuvens, só conseguiu apresentar a violência da Brigada e a complacência dos demais órgãos públicos na boca de Luciana Genro, discursando no plenário da Câmara. Eles estão especialistas em escrever matérias de uma só versão durante os dias dessa disputa política da elite gaúcha engessada pela fuga do crime que se a governadora não cometeu, quem sou eu pra duvidar, pois eu sempre (na verdade nunca) me informo pela Zero Hora e vejo entrevistas na TVCom. Eles de lá da ZH precisam ir pastar. Só um diz. Pessoal de lá não sabe andar na rua, não. Flanar. "Pau nessa gente toda junta que tá aí me incomodando", dormirá o canalha pensando.

Mas e quem não é canalha?
— A Brigada sempre vai agir para evitar que esse tipo de protesto acabe em invasões de locais ou vias públicas. Sempre que for necessário, vamos usar a força — diz sempre Mendes.

Foto: Leonildo Zang, assentado em Viamão e produtor de arroz agroecológico, relata confronto com a Brigada Militar./ Crédito: Daniel Hammes

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