13.6.08

Jair Krischke e o Direitos Humanos em linguagem técnica

Não há dúvidas de que a violenta operação policial do dia 11/06 contra as manifestações populares é uma questão dos Direitos Humanos. A designada Comissão do Senado já aprovou requerimento e enviarão observadores até Porto Alegre para investigar suspeitas de maus-tratos cometidos pela Brigada Militar na repressão a passeatas ocorridas nesta semana.

Bueno, aí vem a questã.

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Provavelmente os senadores vão se encontrar com os movimentos daqui, entre eles o Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), e ouvirão de Jair Krischke, o Faztudo do MJDH, ao o questionarem sobre os abusos ocorridos, a observação de que é preciso compreender que o comandante-geral [sei lá se ainda é interino ou não, ou se o cão-de-guarada já assumiu a BM, nada muda] Coronel Mendes é um típico oficial operacional, que conta com um efetivo reduzido do ideal e que isso prejudica a técnica policial. Por causa disso, que em momentos de pressão, às vezes acabam ocorrendo ações exacerbadas de repressão com violência policial. Krischke concordará que houve violência desnecessária, que as ordens foram dadas por Mendes, mas diz que o coronel estava com a cabeça quente, muito devido ao acúmulo de funções na hierarquia, já que para o Faztudo do MJDH, o comando da Brigada exige uma dedicação mais burocrática do que operacional. "Não dá para misturar", disse. Que "o coronel não pode responder a qualquer insulto que ouve na rua [agora que já é famoso como sempre quis ser] com a força de seus subordinados"*. Mas que ele também foi provocado pelo clima de eleição precipitada que já existe nas ruas da cidade. "Está claro que a eleição já começou", filosofou bunito Krischke.

Para chegar a essas brilhantes e elucidativas conclusões às interrogações de nossos senadores da República, o Faztudo dirá que conseguiu avançar nessa costura de informações por que, primeiro, antes de mais nada, ele não é como as pessoas comuns que não avaliam as condições sociais de confronto policial pelas questões técnicas, ele é um ser, nato, de conhecimento técnico e para isso chega longe e primeiro nessas observações, mesmo que vá chegando nelas sempre bem solitário, onde ninguém mais o alcança. Viaja só.
Segundo grande ponto de sua aguçada observação é que ele não anda mais pelas ruas, fica quase o tempo inteiro dentro de seu escritório ali na Andrade Neves
[uma vez fui lá, é uma doidera, sombrio demais, nada muito de alegria humana], acompanhando as notícias pela imprensa local. Isso já disponibiliza para ele todas as fontes necessárias para tirar suas conclusões [algumas pessoas que acompanham criticamente a atuação de Krischke ficam impressionadas com o fato dele estar sempre ligado a alguma estrutura de aparelho de Estado ou ideológico, suas denúncias são sempre desvendadas e acompanhadas com membros da imprensa e de órgãos públicos].


Lendo os jornais, Krischke consegue hoje afirmar que o que ocorreu foi uma manifestação com depredação, que os movimentos passaram do limite, numa ação incoerente. Na verdade, o Blog Subverta! já explicou aqui, e o vídeo-registro do Coletivo Martin Fierro, deixa claro a mentira da imprensa de que os manifestantes teriam derrubado a cerca do supermercado Nacional para protestar. Na verdade, a BM cercou a manifestação, conseguiu dividi-la em 2 grupos e depois encurralou um desses grupos contra a cerca, que foi derrubada para fugir das porradas. Essa é a única informação que surgiu, por parte do governo, para categorizar a manifestação como "baderna com depredação". Eles estão mentindo à população e ingrupindo, entre eles, o senhor Faztudo, líder de movimento por Direitos Humanos.

Lá nos jornais, Krischke também não terá descoberto que "o coronel Mendes vem usando os homens da PM2 para acompanhar os movimentos sociais e até mesmo fazer investigações ilegais. Cabe lembrar que o trabalho de investigação é de atribuição da Polícia Civil. Há policiais civis insatisfeitos com o procedimento da “polícia secreta” da Brigada que está realizando investigações à revelia da lei e às vezes até mesmo atrapalhando investigações da Polícia Civil, resultando, inclusive, em prisões ilegais.Os homens da PM2 estão acompanhando as manifestações e outras atividades dos movimentos sociais. O coronel Mendes conta com esse serviço de inteligência para antecipar movimentos e facilitar a repressão" [trecho retirado do blog RS Urgente].

Fonte: Todas as interpretações de Jair Krischke foram apresentadas à população na tarde desta sexta-feira, em entrevista à Rádio Gaúcha. Não foi nehuma brincadeira minha, não. É mais uma de assustar. Só usei de linguagem técnica, como o Faztudo. Êta semaninha desgraça.

*essa é uma informação nova que surge ou será mais uma irresponsabilidade de Krischke ao associar a decisão operacional de Mendes de despersar a manifestação com força de porrete, bala de borracha e gás lacrimogênio ao fato de ter recebido insultos desnecessários quando foi até o local da manifestação para delegar ordens aos subirdinados? De quem Krischke ouviu isso, já que não está acompanhando os acontecimentos na rua? Passou batido por ele e também pelo repórter da Gaúcha, que não teve faro para explorar a afirmação do Faztudo.

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